quinta-feira, 27 de agosto de 2009

...And Oceans - The Dynamic Gallery of Thoughts (Full-Lenght, 1998)




Primeiro registro oficial da banda de black metal finlandesa ...And Oceans e que definitivamente já mostra a que veio.

Repetindo parte da fórmula usada em demos anteriores, encontramos aqui uma dose do experimentalismo que viria caracterizar a banda através de sua carreira, atualmente produzindo sob o nome HAVOC UNIT e abandonando, de certa forma, as raízes anteriormente fincadas no Black Metal.

Cada faixa de "The Dynamic Gallery of Thoughts" tem personalidade própria, porém, como elemento comum a forte presença de teclados, preconizando o que atualmente é conhecido Black Metal Sinfônico, mas em qualquer momento deixando de ser agressivo. Destaque para "Je Te Connais, Beau Masque" e "Samtal Med Tankar - Halo of Words" que conseguem resumir todo o disco através de seus climas, com algumas passagens extremamente ríspidas e com vocais insanos.

Recomendado para quem já conhece o trabalho de bandas como Emperor ou simplesmente gosta de melodias em meio ao caos.





Tracklist:
1.Trollfan04:49
2.The Room of Thousand Arts05:04
3.Som Öppna Böcker04:52
4.Je Te Connais Beau Masque08:02
5.Mikrobotik Fields / Uråldrig Saga Och Sång08:01
6.Samtal Med Tankar - Halo of Words05:16
7.September (När Hjärtat Blöder)06:57
8.Kärsimyksien Vaaleat Kädet05:30


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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Agalloch - Ashes Against The Grain (Full-Lenght, 2006)




O Black Metal é normalmente associado à violência, misantropia e de forma geral, toda sorte de sentimentos e sensações predominantemente negativas. É comum o uso de blasts, vocais agudos e berrados, guitarras barulhentas, sujas, comparáveis ao ruído de uma serra elétrica, em suma, uma experiência desagradável para os desavisados.

Poucos destes elementos se fazem presentes neste álbum, o terceiro na carreira dos americanos do Agalloch. Ainda assim, é inegavelmente um disco de Black Metal, a sensação de solidão, de afastamento do mundo, tudo está aí, porém, apresentado de forma tão bela que torna por dificultar até mesmo o trabalho de encaixar o grupo em uma categoria.

Valendo-se de influências que vão do Doom Metal ao Rock Progressivo, a banda consegue estabelecer um clima nostálgico/melancólico por todo o disco, mas sabe ser agressiva quando necessário, através da variação vocal de Haughm, responsável tanto pelos vocais limpos quanto pelos rasgados, muito bem acompanhados pelo instrumental impecável, que prima pela originalidade em um tempo em que Black Metal é sinônimo de produções horrorosas, satanismo barato e cópias descaradas de bandas dos anos 90.


Ashes Against The Grain decididamente é um trabalho que pode afastar certos puristas, mas abre portas até mesmo para quem nunca sequer ouviu um disco do gênero, tornando sua audição única e mandatória.


1.Limbs09:51
2.Falling Snow09:38
3.This White Mountain on Which You Will Die01:39
4.Fire Above, Ice Below10:29
5.Not Unlike the Waves09:16
6.Our Fortress Is Burning... I05:25
7.Our Fortress Is Burning... II - Bloodbirds06:21
8.Our Fortress Is Burning... III - The Grain07:10

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Dishammer - Vintage Addiction (Full-Lenght, 2009)



La Coruña ultimamente só me traz boas revelações, depois da excelente surpresa que é o Black Panda (falarei sobre em outro post, basta saber que é crust MOTOQUEIRO), surge o Dishammer, que como o nome entrega, reúne influências do que há de mais sujo dentro do punk/metal, trazendo uma sonoridade ríspida, crua e extremamente direta.

Contando com alguns membros de bandas como Machetazo e Looking For An Answer, este projeto flerta com a estética de bandas de black metal tradicionais, ou seja, utilizando somente p/b em suas artes e mostrando uma atitude bem mais "metaleira" e niilista do que necessariamente política ou engajada, resultando em um álbum caótico, violento, com reminiscências de Motörhead e um quê de produção tosca, reflexo da influência de grupos como Bathory e Hellhammer.

Os vocais de Dopi passam longe de soar black metal ou qualquer coisa assim, mas soam bem mais raivosos do que as inúmeras cópias de Discharge, Disclose e congêneres que encontramos por aí, aliados à vigorosas partes de baixo, tornando ao menos a audição do disco algo estritamente necessário para os amantes de bandas dos anos 80.

O que encontramos ao longo destas 12 faixas são nada mais nada menos do que cerca de 30 minutos de crust perverso, diabólico, com um approach mais próximo ao do metal, porém, ainda assim mantendo refrões e riffs cativantes que grudam na sua cabeça.


Tracklist:
1.Smoke of Death02:29
2.Wish of Suffering01:54
3.The End Here and Now01:14
4.Exterminate the Parasite01:50
5.Werewolves on Wheels01:29
6.Pain in the Ass04:19
7.Into the Bong03:29
8.Asmodeus (By My Side)01:50
9.Blessed With Catalepsy02:03
10.Age of Disgrace03:24
11.Bomb in the Womb01:50
12.Vintage Addiction03:19


E pra quem quiser comprar, o Fernando da Black Holetem algumas cópias, barato e definitivamente vale o esforço. Escrevam para store@blackholeprods.com

PS: O encarte é cheio de foto de mulher pelada também.


quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Wolves In The Throne Room - Malevolent Grain (EP, 2009)



Segunda aparição do WITTR no blog e definitivamente um dos melhores discos que ouvi em 2009, de uma das bandas mais promissoras dessa nova safra de Black Metal "transcendental" , abandonando todos os clichês do genero. Sem corpse paint, sem gravações propositalmente toscas, sem qualquer choque aparente.

Em favor de seu minimalismo estético, encontra-se uma sonoridade primorosa, mesclando o "shoegaze-metal" de bandas como Alcest com blast beats, progressões e mudanças de ritmo, porém, em momento algum remetendo à bandas chatíssimas de death ou black metal técnico/melódico, desenvolvendo algo com mais personalidade e ao mesmo tempo , mais sutil.

A agressão aqui não está na cara e sim nas nuances de cada trabalho, no uso inteligente da repetição ao criar uma atmosfera hipnótica e espontânea, que aos poucos vai dominando o ouvinte, especialmente na faixa "A Looming Resonance" que representa o lado mais melodioso e belo desta gravação, apoiada por um excelente vocal feminino, interpretado sem exageros ou maneirismos líricos de qualquer espécie, apenas cantado, ainda assim, mantendo um clima definitivamente Black Metal.

Já a segunda faixa, "Hate Crystal", entra com blasts à todo vapor, vocais berrados, riffs rápidos e tudo mais que normalmente espera-se de uma banda do gênero, sendo uma faixa bastante tradicional, contendo os mesmos elementos que tornaram "A Diadem of 12 Stars" um excelente álbum, contrastando velocidade e urgência com partes mais calmas.

Em suma, Malevolent Grain consegue repassar ao ouvinte os dois lados de uma mesma banda, sendo recomendado tanto para os antigos fãs como para quem nunca ouviu qualquer outro material d'Os Lobinhos.

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quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Eterno retorno ou Síndrome de Ouroboros (ou simplesmente "Voltamos")


Ouroboros - Símbolo do MIMIMI eterno.

Então, voltamos. Depois de um hiato de mais ou menos um ano e meio, decidimos retomar os posts e uploads e o que mais vier por aí. Por que? Basicamente porque é quase uma necessidade patológica de compartilhar os bons sons e mais ainda, nossas impressões sobre eles.

O Umbra Nihil surgiu em uma época em que os blogs de mp3 eram uma mania e só se postavam links e mais links, seguidos de links, com milhares de hits e pageviews, tudo alimentado por uma massa histérica que só se importava em baixar tralhas e entupir seus HDs's com o que havia de mais novo em "som extremo" ou que quer que fosse. Sem opiniões quaisquer sobre aqueles bits e bytes baixados, funcionando tudo meio que no automático, entende?

Viemos justamente na contramão de toda essa porcariada, com resenhas relativamente longas, algumas entrevistas aqui e acolá e sempre divulgando o que julgamos ser interessante, independente de ser velho ou não. Sinceramente, achávamos a coisa toda meio inútil até que alguns amigos e conhecidos comentaram sobre o sumiço e foi estímulo suficiente pra retornar aos antigos discos, analisá-los e compartilhá-los mais uma vez.

Talvez não tenhamos as últimas novidades, mas decerto, sempre haverá alguma boa recomendação para os que por acaso vierem parar aqui, espero sinceramente que gostem e comentem, sabe como é, dá aquele calorzinho por dentro, caras.

Compartilhem, reclamem, façam o que der na telha, sempre responderemos, afinal de contas, amamos essa merda toda.

Skinny Puppy - Mind: The Perpetual Intercourse (Full-Lenght, 1986)



Quarto álbum de estúdio do Skinny Puppy, porém, o primeiro com Nivek Ogre assumindo os vocais, que antes eram da responsabilidade de Bill Leeb, membro do Frontline Assembly.

Quase obrigatório mencionar que além do excelente trabalho mostrado no Skinny Puppy e em especial neste disco, Ogre já contribuiu e participou de diversos outras bandas e projetos da cena industrial, como Ministry, The Revolting Cocks, KMFDM, citando as mais conhecidas.

Adotando uma linha vocal rouca e ao mesmo tempo rasgada e bastante agressiva, mesmo sem grandes variações, Ogre acaba por se tornar responsável por boa parte do clima negativo do disco, que realmente pode se definir como algo claustrofóbico e desesperador.

Não há sequer lampejos dançantes ou "agitados" como é de costume em outras bandas do gênero, adicionado ao timbre de bateria típico dos anos 80, samples e até o uso de uma serra elétrica em uma da faixas podemos dizer que Mind: The Perpetual Intercourse soa como a trilha de um pesadelo sem fim, sonoridade extremamente densa, díficil para se acostumar, música pra se ouvir prestando muita atenção, jamais como mera trilha do cotidiano.

Ouça atentamente e, de preferência, no escuro.

Tracklist:
  1. One Time One Place 5:41
  2. God's Gift (Maggot) 4:46
  3. Three Blind Mice 3:08
  4. Love 1:43
  5. Stairs and Flowers 5:17
  6. Antagonism 5:03
  7. 200 Years 4:45
  8. Dig It 6:03
  9. Burnt with Water 7:41
  10. Chainsaw 5:55
  11. Addiction (Second Dose) 6:01
  12. Stairs and Flowers (Too Far Gone) – 6:35
  13. Deep Down Trauma Hounds (Remix) 7:32


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terça-feira, 11 de agosto de 2009

Death In June - 93 Dead Sunwheels (Compilação/Remixes - 1989)




Em mais de duas décadas de existência, o Death In June pode ser definido em uma única palavra: controvérsia.



Em um único caldeirão misturam-se influências díspares como os escritos de Nietzsche, os Eddas, fascínio por sistemas políticos como nazismo/fascismo e noções de ocultismo que se somam à uma sonoridade extremamente original, fundamental para o desenvolvimento do que atualmente é conhecido como neofolk. Tudo apoiado por uma estética chocante e de forte apelo, adotando símbolos tidos como "malditos" pela típica sociedade ocidental como a Swastika, bem como referências à uniformes e ao imaginário da II Guerra Mundial, o que rende acusações de nazismo por onde quer que o Di6 passe.



Concebido inicialmente como um trio, formado dos restos da banda punk Crisis, contava com Patrick Leagas, Douglas P. e Tony Wakeford (responsável por outro alicerce do gênero, Sol Invictus), experimentavam com percussão militarista, batidas eletrônicas, timbres e arranjos que remetem à obscuridade do post-punk de bandas como Joy Division, Theatre of Hate, dentre outras.



Com a saída dos outros dois membros, por conta de diferenças musicais, Douglas P. toma as rédeas do projeto, tomando um direcionamento mais esotérico e um som cada vez mais orgânico e próximo de seus lançamentos mais recentes, nesta compilação encontramos o que seria o meio-termo na produção musical de P. e seus parceiros.



Nada tão folk ou tão industrial, mas na medida certa para que os fãs de ambos os gêneros possam desfrutar das qualidades deste projeto, sendo um dos meus lançamentos favoritos do Death In June, temos sintetizadores e uma sonoridade opressora em músicas como The Torture Garden e excelente trabalho de violões e vozes em Fields of Rape - Behind The Rose, recomendadíssimo para os iniciados mas que não conhecem os trabalhos mais antigos de Douglas P.

Tracklist:
1. The Torture Garden
2. The Last Farewell
3. Doubt To Nothing
4. Fields of Rape - Behind The Rose
5. C'est Un Reve
6. She Said Destroy

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