terça-feira, 8 de maio de 2007

Notas sobre Drone/Doom, etc.

E quando a música extrema não soa mais tão extrema ou inovadora assim?

De tempos em tempos surgem bandas que fazem algo diferente e como já dizia o sábio “nada se cria, tudo se copia”, logo surgem outros trocentos projetos copiando descaradamente original, acontece com o Death metal, acontece com o Metalcore (tanto em seu ramo caótico quanto no que soa mais “normal”, vide os clones ruins de Dillinger Escape Plan que existem aos montes), hoje em dia parece-me que tudo rumou pra um lado técnico demais, firulento demais, na música extrema como um todo, não se diferencia mais discos de uma banda da outra.

Meu ponto é, para onde foi o sentimento, a real expressão? É como se houvesse alguma espécie de competição pra ver quem consegue soar mais experimental, sem uso algum de bom-senso (o que é geralmente é bom, mas não neste caso).

Não há muito mais o que se renovar dentro do mundo extremo, dentro dos padrões de “brutalidade” já estabelecidos, o que explica minha predileção por bandas old-school em vez de cópias mal-feitas de pseudo-clássicos e músicos sem o mínimo sentimento, o boom de bandas técnicas levou a música para a vala, o apelo é mínimo, técnica por técnica, um culto musical à Onan. *

E então, surge algo de novo, bom, não tão novo assim, mas ao menos desconhecido de boa parte do próprio público underground.

Uma espécie de sub-gênero do Doom Metal, baseado em MUITA distorção, muito, mas MUITO peso e monotonia, variação inexistente e músicas gigantescas, às vezes, baseadas em um único riff e suas reverberações, muitas vezes sem baixo ou bateria, apenas guitarras e alguns sintetizadores. Os pais do estilo são o Earth, banda originária dos EUA, fundada no começo dos anos 90 por Dylan Carlson, tendo em mente levar Black Sabbath e Melvins ao mais extremo da lerdeza e peso possível... cimentando a base do que viria à ser conhecido como Drone ou Drone/Doom


A repercussão foi tamanha que entre 1998/99, Stephen O’Malley (há tempos envolvido com experimentalismos vide bandas que fez parte como Flux, Old, Phantomsmasher, dentre outras) e Greg Anderson (atualmentedono da Southern Lord Records, maior selo de música lerda e/ou estranha de que sem têm notícia e que também tocou e toca em bandas na mesma linha do doom “estranho” como Goatsnake, Teeth of lions rule the divine, dentre outros) formaram o Sunn O))), espécie de banda-tributo ao Earth, adotando o mesmo nome da marca de amplificadores “SUNN”, apresentando um som ainda mais lento e caráter mais experimental, sem forma alguma de “ritmo” sequer, tendo como base os riffs de guitarra e reverberações, ao menos em seu início. Assim sendo, as duas bandas podem ser consideradas as mais importantes do gênero, que ultimamente vêm crescendo bastante, com representantes cada vez mais originais como o Wolfmangler, que conta até com banjo em algumas de suas músicas e outros soando um pouco mais “normais” como o Bunkur, que faz uma bela mistura entre Drone e Funeral doom, incluindo vocais e bateria freqüentes durante as músicas, alternando com o peso e monotonia típicos do gênero

O Sunn, em seu último full-lenght, “Black one” de 2005, mostrou uma certa estrutura mais musical em relação aos seus outros trabalhos, contando com alguns samples e presença de vocais típicos de Black Metal, já que o álbum contou com Malefic (Xasthur) e Wrest (Leviathan) nas partes vocalizadas, incluindo um cover maravilhoso para Cursed realms of the Winterdemons, do Immortal, mas de modo algum causando mudanças drásticas ao seu som atmosférico, apenas tornando-o um pouco mais acessível.

Alguns fatos curiosos sobre o Earth:


  • Kurt Cobain fez backing vocals em uma faixa do disco“Extra-capsular extraction” e supostamente também cantou em uma demo antiga relançada junto com o “Sunn Amps and smashed guitars”, gravação ao vivo da banda
  • Dylan Carlson, fundador do Earth, vendeu para o Kurt o mesmo rifle usado em seu suicídio




No final-das-contas, é o tipo de coisa que pode muito bem ser mal-interpretada como “barulho randômico” ou coisa de quem quer dar uma de diferente, mas justamente a aparente falta de sentido, de estrutura e por que diabos não musicalidade, é que dá a graça, motiva você à prestar atenção nos mínimos detalhes e sutilezas, na aura perturbadora das composições, nos raros momentos de variação.


Recomendo à todos que procurem, inicialmente por bandas com influências Drone, mas que não necessariamente chegam lá, como Khanate, o próprio Bunkur citado anteriormente, Wolfmangler (em especial o disco Funerary dirge for a viking asshole) e depois partam para os discos antigos do Earth e do próprio Sunn O))).





Links úteis:


*pra quem não sabe, Onan é o deus do auto-amor, do descascamento de banana. descabelo de palhaço, porpeta, bronha e por que não, punheta.

2 comentários:

felipe tofani disse...

cara, o stephen o malley nao tocou no old ou no phantomsmasher.

esse dai é o james plotkin.

Antagonista disse...

Medusa
Drone Nacional

www.myspace.com/medusadoom