Filha de pais gregos, radicada nos Estados Unidos, Diamanda desde cedo mostrava certo talento ao piano e sempre obteve todo o apoio possível de seus pais. Muito interessada em artes, estudou várias formas de expressão musical, assim como artes visuais e performáticas, antes de seu retorno às origens, Europa.
Em 1979, na França, fez sua estréia musical no Festival d'Avignon como "performer" principal na ópera "Un Jour comme un autre", composta por Vinko Glokobar baseada em um documento da Anistia Internacional sobre a prisão e morte de uma mulher turca acusada de conspiração. E esta provavelmente foi a última vez que Diamanda cantou "normalmente" em sua vida, desde que seu irmão morreu, vítima de AIDS nos anos 80, os trabalhos de Diamanda desafiam cada vez mais as barreiras do que é arte, do que é lixo, extrapolando totalmente o limite entre o que é música e o que é puramente barulho. Pensem em alguém que consegue soar como uma daquelas antigas divas de Jazz e ao mesmo tempo, como um violino desafinado ou o desespero de um louco, essa mistura é a essência dos trabalhos de Galás.
Capa do relançamento de Litanies, em 1989
Em 1982, Diamanda lança seu primeiro LP "The Litanies of Satan", em que em cerca de 15 minutos de loucuras vocalizadas interpreta o poema homônimo de Baudelaire, de forma doentia e nada convencional, alternando entre sussurros, berros, choros, gemidos, momentos em que lhe faltam o ar e outras coisas mais, de forma quase que totalmente inintelígivel. De fato, uma das poucas frases que se entende é "O Satan prends pitié de ma longue misère" ou em bom português "Ó Satanás, poupe-me de minha atroz miséria", repetida à exaustão das mais variadas formas possíveis.
A segunda faixa tem o singelo título de "Wild Women with Steak Knives (The Homicidal Love Song for Solo Scream)", em que mais uma vez, nos é provada sua enorme capacidade vocal, em mais 12 minutos dos mais variados e agonizantes timbres.
Performance em 2006, Estados Unidos
Todas suas gravações giram em torno de temas mórbidos, tais como a AIDS, que se tornou sua obsessão, ocasionando a produção dos discos Vena Cava(1993) e Plague Mass (1984), inteiramente voltados à doença, que Diamanda afirma ser a forma física de Satanás. Inclusive, a cantora chegou à tatuar os dizeres "We're all HIV +" nas mãos, como uma homenagem às vítimas da doença e seu próprio irmão.
Vena Cava, 1993
Plague Mass (1984)
Galás, de natureza crítica e controversa, em 2002, fez uma série de shows em homenagem à primeira serial-killer americana, Aileen Wuornos, cuja história é brilhantemente representada no filme "MONSTER" e em um documentário realizado pela HBO, dias antes de sua execução, por injeção letal.
Quando questionada sobre sua posição sobre o assunto, prontamente declarou:
"Let me just say briefly that the Doppelgangster Hollywood Kill/Reincarnate Syndrome especially with Aileen, is as evil as they come. The ads for this film came out the day after Aileen’s execution. This summer the articles on Charlize Theron in various designer clothes announced that this role will break “the toughest woman in Hollywood,” the way ‘Boys Don’t Cry,’ or whatever, broke that hag somebody’s seedy gash, what’s-’er-name.
These people never gave one bloody cent to trying to help this poor woman, about whom they “cared so much”; they disingenuously used double-entendre or incontinent sardonicism in their creation of the title, ‘MONSTER’. They played her for all it was worth, and threw her body in the garbage dump. For them she never really existed anyway, she didn’t have a life, a frightening history to detail or discuss compassionately; she was just a photo-op for the new post-post-Stanislavski method (accent on the second syllable) of faking a part in the Gortex room.
Remember when Laurence Olivier asked Dustin Hoffman, who was no doubt sucking off the waste products of some autistic child somewhere, “Why don't you just ACT?” In the future Hollywood will be able to afford the sabbaticals of their leading men and ladies so that they can commit the actual crimes themselves, with the appropriate Hollywood lawyers standing by. So they won’t have to passively kill-off their real-life protagonists for threat of lawsuits.
More later,
affectionately yours,
Diamanda"
Crítica essa, justificada pelo próprio passado da cantora, que em antigas entrevistas declarou ela mesma ter sido prostituta durante um período de sua vida, os riscos da profissão e o tipo de clientela que surge.
Em suma, trata-se de uma mulher marcada pela vida, com experiências e experimentos no mínimo curiosos, traduzindo toda sua negatividade e desespero, em música.Dificilmente se enxergará algo de entretenimento na forma particular em que Diamanda desmembra e molda sua própria forma de arte.
Divertido? Não. Necessário? Sim.
PS: O título deste texto faz referência ao álbum/projeto de Diamanda em que faz releitura de clássicos do Blues, Jazz e música gospel americana.
PS2: Segue para o download o primeiro álbum de Diamanda "The Litanies of Satan", o primeiro de uma série que serão postados neste blog
DOWNLOAD - THE LITANIES OF SATAN
Quando questionada sobre sua posição sobre o assunto, prontamente declarou:
"Let me just say briefly that the Doppelgangster Hollywood Kill/Reincarnate Syndrome especially with Aileen, is as evil as they come. The ads for this film came out the day after Aileen’s execution. This summer the articles on Charlize Theron in various designer clothes announced that this role will break “the toughest woman in Hollywood,” the way ‘Boys Don’t Cry,’ or whatever, broke that hag somebody’s seedy gash, what’s-’er-name.
These people never gave one bloody cent to trying to help this poor woman, about whom they “cared so much”; they disingenuously used double-entendre or incontinent sardonicism in their creation of the title, ‘MONSTER’. They played her for all it was worth, and threw her body in the garbage dump. For them she never really existed anyway, she didn’t have a life, a frightening history to detail or discuss compassionately; she was just a photo-op for the new post-post-Stanislavski method (accent on the second syllable) of faking a part in the Gortex room.
Remember when Laurence Olivier asked Dustin Hoffman, who was no doubt sucking off the waste products of some autistic child somewhere, “Why don't you just ACT?” In the future Hollywood will be able to afford the sabbaticals of their leading men and ladies so that they can commit the actual crimes themselves, with the appropriate Hollywood lawyers standing by. So they won’t have to passively kill-off their real-life protagonists for threat of lawsuits.
More later,
affectionately yours,
Diamanda"
Crítica essa, justificada pelo próprio passado da cantora, que em antigas entrevistas declarou ela mesma ter sido prostituta durante um período de sua vida, os riscos da profissão e o tipo de clientela que surge.
Em suma, trata-se de uma mulher marcada pela vida, com experiências e experimentos no mínimo curiosos, traduzindo toda sua negatividade e desespero, em música.Dificilmente se enxergará algo de entretenimento na forma particular em que Diamanda desmembra e molda sua própria forma de arte.
Divertido? Não. Necessário? Sim.
PS: O título deste texto faz referência ao álbum/projeto de Diamanda em que faz releitura de clássicos do Blues, Jazz e música gospel americana.
PS2: Segue para o download o primeiro álbum de Diamanda "The Litanies of Satan", o primeiro de uma série que serão postados neste blog
DOWNLOAD - THE LITANIES OF SATAN