domingo, 27 de maio de 2007

Abusive Nekrotraffikh



Entrevista com o membro Organizm 66.6 do Abusive Nekrotraffikh.


Guiverme - Primeiramente muito obrigado Organizm 66.6 pela entrevista e tempo disponível, e começamos com uma breve introdução para as pessoas que não conhecem o Abusive Nekrotraffikh.

Organizm 66.6 - Obrigado pelo interesse na banda guiverme, bom... o Abusive Nekrotraffikh foi proclamado vivo durante o outono de 2006 com uma proposta totalmente diferente da atual, éramos um power trio e tocávamos oldschool crust/grind. Porém devido a algumas divergências musicais, logo a banda se desfez e a minha proposta foi simples. Dar vida a esse monstro e expandir a sonoridade da banda...


Guiverme - Assim sendo, houve uma mudança radical na sonoridade, com mudança de afinação e músicas muito mais elaborada. Você poderia comentar um pouco as influências que o inspiram a compor, tais como as bandas que de certa forma influenciam seu som atualmente?

Organizm 66.6 - A mudança foi radical de fato, acho que poderíamos dizer que é uma outra banda. Como você disse, inclusive a afinação foi alterada de E pra B, o que representaria inclusive a impossibilidade de continuarmos com as músicas antigas. então elas foram descartadas e resolvi de fato começar uma nova banda. do zero... mantendo apenas o nome e o logo. As influencias são tantas... ao longo dos anos tenho acompanhado todas as mudanças nas cenas black/death/grind mundial, algumas bandas são muito interessantes, outras nem tanto... mas me chama atenção bandas que conseguem fazer diferença e não ficarem estancadas em alguns clichês e mesmices tão habituais quando estamos falando principalmente de black e death metal.

Guiverme - E com relação às letras, quais os principais temas abordados, existe algum tipo de literatura que o inspira para compor as letras?

Organizm 66.6 - Sim, na verdade antes de pensar em ter uma banda que tenha qualquer que seja o envolvimento com o black metal, é necessário ter um envolvimento filosófico com o estilo. e pra mim isso sempre foi muito importante! ... com o Abusive não seria diferente, a temática é muito importante... todos nós lemos Nietzsche, Schopenhauer, Sartre, Sade... e mais do que isso, somos envolvidos com os temas abordados. É interessante quando paramos para conversar e percebemos que estamos em sintonia de pensamento e igualmente ligados por essa filosofia.

Guiverme - o que é muito admirável, pois fogem dos velhos clichês do black metal, uma visão e instrução mais profunda do que o velho satanismo infantil e superficial que hoje em dia só assusta vovós, no entanto qual é a visão que você tem de Satan e do satanismo em si? Seria algo mais metafórico/simbólico ou há realmente algum envolvimento maior com a ideologia?

Organizm 66.6 - O satanismo pra mim sempre foi uma condição de liberdade filosófica, e não o velho conceito La Vey. Nunca consegui admitir qualquer forma de deus, seja um deus bom ou um deus mau, acho que a única forma que teríamos e que nos aproxima disso seria o Hedonismo, que não passa de uma taxonomia para explicar nossas necessidades! o bem e o mal depende apenas daquilo que te conforta ou não e assim, cada indivíduo toma suas atitudes para atingir seu objetivo. Isso prejudica alguns, por conseqüência ajuda outros, e forma um ciclo... As bandas de metal dos anos 80 não tinham outra forma de serem mais brutais do que falando sobre Satan, ou era isso, ou falar sobre motocicletas! É da mesma maneira que vejo hoje que a grande moda é o Nazismo. Aliás, agora é pegar tudo que chame atenção e colocar num liquidificador.Pronto. Você vai ter uma banda de black metal falando sobre vampiros, segunda guerra, satanás, e por ai vai. Mas no fundo a idéia é a mesma, chamar atenção muitas vezes pelo lado "subversivo" do metal por falta de consistência ideológica, falta de consistência em idéias que possam tornar esse indivíduo livre, que acho que é a grande idéia, mesmo que metafórica do satanismo!.

Guiverme - é um ponte de vista muito interessante, pois é uma banda que tem algo a dizer, não é vazia como a grande maioria que apenas segue a cartilha do black metal, vocês tem algo a dizer, inclusive na sonoridade, que no meu ponto de vista, tem um alguns flertes com o death metal e a brutalidade do grindcore mais moderno, porém, com muita personalidade. Você poderia citar as principais bandas que te inspiraram a fazer esse tipo de som?

Organizm 66.6 - O Abusive Nekrotraffikh tem 5 membros que vêm de escolas diferentes dentro do metal, e acho que isso agrega muito pro resultado final da musica do o Abusive Nekrotraffikh..As bandas mais influenciam diretamente na composição de qualquer música do Abusive são: Gorgoroth, Belphegor, Brutal Truth, Morbid Angel, Mayhem, Napalm Death. acho que essas resumem a essência do o Abusive Nekrotraffikh.

Guiverme - já que tocou nesse assunto, fale um pouco da formação do Abusive, sei que ainda estão em fase de adaptação e que ainda não estão estabilizados como banda, conte-me um pouco sobre os membros antigos e atuais.

Organizm 66.6 - O Abusvie Nekrotraffikh, na época crust/grind, era formado por Organizm 66.6 - G/V, K. (Infamous Glory) - D, e Guiverme (B/V), era o time ideal para nossa antiga proposta, pois todos estavam na época 100% envolvidos com o tipo de som que tocávamos. Porém não havia a possibilidade de expandirmos nosso som dado que o próprio estilo é limitado! Fugir dessa estética é extremamente complicado. Eu sempre vi as banda de 3 maneiras: Desnecessárias, Medíocres, e Necessárias. Acho que bandas que apenas repetem o que foi feito, estão entre as desnecessárias/medíocres, sem ambição. Não que hoje seja diferente, e acho que não é, mas só de não me encostar mais nesse estilo, já traz um leque maior de opções para trabalhar. A banda hoje conta comigo na guitarra, Darth Devious - Drums (Forbidden Ideas...); Teratvs - Vox (Forbidden Ideas...); Revlis Ommug - Guitarra (Life is a Lie) e P.enian 13 - Bass (Life is a Lie). P.eninan 13 foi o ultimo a se juntar a nós, mas já conhece todos há muito tempo, está totalmente integrado e já dando muitas idéias e contribuindo muito na composição das novas músicas. Mas quero deixar meu respeito e admiração aos membros da primeira formação do Abusive que me ajudaram e me ensinaram 100% do que sei como guitarrista. Nunca tinha tocando em outra banda, a não ser como vocal e eles me guiaram nesse projeto!

Guiverme - você tem mais projetos musicais, poderia falar um pouco deles?

Organizm 66.6 - Tenho, mas ainda sem nome, é uma banda que conta com membros experientes, como o Junior - Drums (Anthares, Siegrid Ingrid), Kexo - Guitarra (Infamous Glory) e o Frank - Guitarra (Anthares e Jacknife). nós estamos no meio da gravação do Debut ainda sem nome também, mas é uma proposta totalmente diferente, onde eu sou exclusivamente Vocal e a banda toca um som mais na linha Soilwork, Carnal Forge.

Guiverme - diga-me, seus 10 álbuns preferidos de todos os tempos.

Organizm 66.6 - 1 - The Gathering - Souvenirs
2 - Mayhem - De Mysteriis Dom Sathanas
3 - Beherit - Drawing down the moon
4 - Ulver - Teachings in Silence
5 - Carcass - Heartwork
6 - At the Drive-in - Relationship of Command
7 - Pantera - The Great Southern Trendkill
8 - Deathspell Omega - Si monvmentvm requires Circumspieci
9 - Ulver - Perdition City
10 - Gorefest - False

Guiverme - e com relação aos shows, quais são os próximos?

Organizm 66.6 - Temos agendado um show grande em Joinville dia 02/06 no Splatter Day Fest (não confundir com o Splatter Night, que acontece na mesma cidade, porém mais no final do ano). em seguida o Life is a Lie passará um mês na europa eu tour. então ficaremos sem 2 membros na banda... vamos continuar compondo mas sem show.

Guiverme - muito obrigado pela entrevista Organizm 66.6, quer deixar mais algum recado?

Organizm 66.6 - Gostaria novamente de agradecer muito à você pelo espaço e pelo profissionalismo.
Contato:
www.myspace.com/abusivenekro
abusivenekro@gmail.com

sábado, 26 de maio de 2007

As cores que sobraram

De tinta amarga e cores asperas
pinceladas e chicotadas me feriram.
Formas sujas e na vida abstratas
em dias cinzas de eterna solidão.

E todas as coisas que contrui
durante a minha vida, desmoronaram.
E depois de tantas quedas e perdas,
estas ilusões se desmancharam.

Nas pinturas penduradas na parede
As tintas dos quadros apagados
misturado ao magenta do meu sangue
alguns olhos tristes e borrados.

Quais as cores que sobraram?
Fazendo a vida, um quadro sandeu
Tudo vai sendo enquadrado e apagado
vazio, na pincelada que nasceu.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Alcest - Le Secret ( mini-CD 2004)



Esse álbum evoca um sentimento de beleza muito forte, e com ele uma tristeza ímpar.
As guitarras criativas e bem definidas, os vocais bem simples e limpos, melodias nostálgicas e a bateria servindo de fundo pra apresentação das memórias de infância.

"Le Secret" começa com gravações de campos e pássaros, como uma lembrança distante. Dentro desta musica podem ser encontrados os elementos citados acima. Já "Elevation" (A letra é um poema de Charles Baudelaire*) apresenta vocais um pouco mais ríspidos passando uma sensação mais hostil, em contraponto com as guitarras que dão uma sensação de triunfo ou celebração de alguma forma.


O Alcest foi criado em 1999 pelo multi-instrumentista Neige ( Atual Peste Noire, Ex- Mortífera, Amesoeurs) que em conjunto com Famine (Peste Noire) gravou a demo "Tristesse Hivernale". De início o projeto deveria ser uma espécie de Black Metal tradicional e frio, mas foi tomando rumos inesperados, se tornando uma válvula de escape para as visões que possuia desde a infância e acabou definido por Neige como "Uma ponte entre dois mundos".

Então, para os apreciadores, só resta esperar por mais beleza e melancolia. O novo cd "Souvenirs d´un autre mond" sairá no final de 2007.

Boa audição.

(Clique na imagem para fazer o download)


Tracklist:
1. Le Secret - 14:33
2. Elévation - 12:46
MCD limitado em 1000 copias (digipack).



Charles Baudelaire - Elevação. *

Por sobre os pantanais, os vales orvalhados,
As montanhas, os bosques, as nuvens, os mares,
Para além do ígneo sol e do éter que há nos ares,
Para além dos confins dos tetos estrelados,

Flutuas, meu espírito, ágil peregrino,
E, como um nadador que nas águas afunda,
Sulcas alegremente a imensidão profunda
Com um lascivo e fluido gozo masculino.

Vai mais, vai mais além do lodo repelente,
Vai te purificar onde o ar se faz mais fino,
E bebe, qual licor translúcido e divino,
O puro fogo que enche o espaço transparente.

Depois do tédio e dos desgostos e das penas
Que gravam com seu peso a vida dolorosa,
Feliz daquele a quem uma asa vigorosa
Pode lançar às várzeas claras e serenas;

Aquele que, ao pensar, qual pássaro veloz,
De manhã rumo aos céus liberto se distende,
Que paira sobre a vida e sem esforço entende
A linguagem da flor e das coisas sem voz!


Links interessantes:

Myspace da banda
Entrevista com Neige, em inglês.
Site Oficial

Velvet Cacoon – Genevieve. (Full-length, 2004)



Sim, eles descarregaram pilhas de fantásticas histórias sobre a sua formação, apresentaram demos e álbuns que nunca existiram, seguidos de contos sobre eco-terrorismo, sobre sua própria musicalidade e supostas dramáticas performances ao vivo. E apesar de tudo... (ufa)
esse álbum é quem realmente prende a atenção.

Genevieve é um encontro do genuíno com o intimista, em uma gravação densa, que combinada a uma versão sussurrada e grunhida dos vocais rasgados, emergindo e submergindo do fundo da música, chegam quase às raias do subliminar, as guitarras têm um som único, o que favoreceu o rumor de que eles tinham criado um instrumento chamado "Dieselharp" que teoricamente consistia em uma guitarra a diesel (!!!) que era amplificada e gravada debaixo da água em aquários de vários tamanhos, enfim, tudo balela.

Fantasioso ou não, as guitarras (ou qualquer coisa que tenha sido utilizada.) formam uma muralha sonora, que funciona como uma ótima base, além de definir bem as diferenças de uma faixa para outra. Em algumas músicas como por exemplo, Avalon Polo, uma sonoridade mais Black metal é adicionada aos riffs, em contraponto com a faixa-título Genevieve em que as guitarras soam mais melancólicas e apresentam um som mais limpo, mesclando-se aos pianos (ou teclados) e criando uma atmosfera, de certa forma, obscura e reconfortante.

A bateria, inserida nesse contexto, não acrescenta nenhum virtuosismo desnecessário à musica, e nem se destaca por velocidades extenuantes, na maioria das vezes deixa espaço para outros instrumentos como em P.S Nautical que possui teclados fortes, em contrapartida a uma batida simples e repetitiva, o que acaba criando um tipo de sensação contraditória, que não desagrada, mas acentua o clima soturno da musica.

Os criadores da banda Josh e Ângela, sempre afirmaram que sua musica era fortemente influenciada por drogas, especialmente Dextromethorphan (DXM), também alegaram uma escolha asexual, que diziam eles: "refletia dando liberdade criativa à música". Quanto a sua formação, de acordo com uma entrevista antiga feita com Josh o grupo foi originalmente formado por um trio "SGL" (Josh), "LVG" (Angela), e o baterista "SKV" , teria morrido caindo em um penhasco. Em alguns sites encontram-se poucas referências a "Heidi Ainsworth" que tocou piano (ou não) na musica Laudanum.

Bem, resta avaliar qual das facetas vai intrigá-lo, e pra quem consegue desassociar o criador da criação, Velvet Cacoon é uma boa surpresa para os ouvidos.


(Clique na imagem para fazer o download.)

Tracklist:

1. 1 - 06:44
2. P.S. Nautical - 06:08
3. Avalon Polo - 05:51
4. Laudanum - 05:49
5. Fauna & Flora - 05:22
6. Genevieve - 07:57
7. Bete Noir - 17:30

Recorded March 2nd-30th 2004
Piano on "Laudanum" by Heidi Ainsworth
Mixed by SGL & Dorothy Montoure/Winternational
Total playing time: 55:21

Mentiras:

A musica "Chesapeake Tide" é de Miranda Lehman (aka Kurouva) e foi para o cd com o nome de "Tide"; "Candlelit Constellations" foi renomeada com o nome de "Wheat Fields", e mais 9 musicas do CD "How the Last Day Came and Stayed then Faded into Simulated Rain", foram completamente roubadas do album "Shipwrecks & Russian Roulette"do Kurouva. Eles também utilizaram as fotografias e desenhos da banda sem permissão nenhuma. Quando foram confrontados com essas acusações, deletaram o Myspace oficial com as faixas roubadas de Miranda.



Lista de albuns inexistentes ou roubados pela banda por razões publicitárias:
- December In Dissolve [Demo] - (1996)
- Starlit Seas Of Angel Blood [Demo] - (1997)
- Few Ghosts Roam This Planet [Demo] - (1999)
- Velorum - (2002)
- Dying Celestial Bodies - (2003)
- Pieces Of The Cold Sea For The Sleeping Northwest - (2004)
- North Of December - (2004)
- V. Genevieve Acoustic - (2005)
- Sky Like A Pearl, Halfmoon Curl, Starlit Twirl - (2006)



Links:

Primeira entrevista de Josh "SGL"
Primeira entrevista de Angela "LVG"
Site Oficial (Fora do ar)
Gravadora e informações

quarta-feira, 23 de maio de 2007

"Upadas" as Mp3 do Wolves in The Throne Room

Leiam a resenha, ouçam o álbum e comentem.

http://umbranihil.blogspot.com/2007/05/wolves-in-throne-room-2006.html

Amesoeurs - Ruines Humaines (EP, 2006)





Contando com membros de bandas tão distintas da cena francesa tais quais Mortifera, Peste Noire e Alcest, o Amesoeurs acaba por ser uma das melhores bandas de Black Metal pós-90 que eu já ouvi, não por ser particularmente original, já que, em suma, apenas aprimora o trabalho feito por Neige (ex-Mortifera, atual Peste Noire e Alcest) no próprio Alcest, ou seja, belas melodias intercaladas por ríspidos vocais agudos.

Se no Alcest e Mortifera encontram-se algumas referências ao dito Post-Rock de bandas como Mogwai e Explosions in The Sky, é no Amesoeurs que essas influências são praticamente jogadas na sua cara, não há nada no instrumental que faça pensar em Black Metal, salvo algumas poucas passagens, as três faixas deste EP não apresentam peso em particular, nada que de fato, possa se associar à "Metal Extremo" com exceção dos vocais muito bem utilizados.

O destaque desta gravação vai para a faixa Faiblesse Des Sens, que com alguns ajustes, poderia muito bem fazer parte do repertório de alguma banda mais antiga de Indie Rock, com um belíssimo trabalho vocal que em certos momentos chega à lembrar o trabalho da cantora islandesa Björk.

Espero ansiosamente por um full-lenght.



Download


Site Oficial da Banda

Myspace
Entrevista para Todestrieb Records

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Abyssic Hate - Suicidal Emotions (Full-Lenght, 2000)



Suicidal Emotions, lançado em 2000 via No Colours Records, é o primeiro Full-Lenght do Abyssic Hate, projeto-solo de Shane Rout, ex-baterista de outras duas bandas que gosto muito, Deströyer 666 e Blood Duster.

Ao contrário das bandas em que participou anteriormente, Shane, aqui apresenta uma sonoridade mórbida, tendo como suicídio, misantropia e ódio suas principais temática, em quatro longas faixas de um Black Metal que já precedia o que bandas como Xasthur e Leviathan fariam nos próximos anos, ou seja, música repetitiva permeada de riffs hipnóticos e uma atmosfera carregadíssima, seguidas de um vocal muito rasgado e competente, fatores que já davam seus primeiros sinais de existência na demo de '96 "Life is a pain in the neck" e que são apresentados com maestria neste Full-Lenght, apesar de sua gravação um pouco abaixo da média

Esta foi a banda que me despertou interesse por músicas mais longas e repetitivas, eventualmente me levando à descobrir o Doom Metal, dentre outras coisas, seria quase crime não recomendá-la.


Ah sim! Um fato curioso, a introdução da última faixa, Despondency, foi na verdade, composto e tocado pelo músico sueco Peter Andersson com seu projeto-solo Raison d'Être, cuja sonoridade é algo entre darkwave e pura música ambiente.



Download -> http://sharebee.com/c9e3fe28

Tracklist:

1.Depression: Part I12:37
2.Betrayed11:43
3.Depression: Part II07:23
4.Despondency17:33




Links interessantes:

Site Oficial Raison d'Être
Site Oficial Abyssic Hate

No Sense - Out of Reality 7" EP (Download do encarte + 7")

Finalmente, com as mp3.

Link -> http://sharebee.com/683b9b2b


Out of Reality 7"

sábado, 19 de maio de 2007

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Bandas esquecidas pelo grindcore mundial (Parte 1 de sabe-lá-quantas)

Bom, geralmente quando se ouve falar em grindcore, a primeira coisa que vêm a mente é Napalm Death, Carcass dos primórdios, quiçá um Mortician aqui, um Regurgitate acolá, se tratando de Brasil, ouve-se falar razoavelmente bem de Gritos de Ódio, citado como influência principal pelo próprio Napalm, Porrada e mais atualmente bandas como Facada, Diagnose, Hutt, Life is a Lie, dentre tantas outras.

Mas quem foram os reais desbravadores do gênero? Quais são as bandas que até hoje permanecem na mais pura obscuridade simplesmente por desinteresse do público?

Bem, nesse post eu gostaria de falar de ao menos duas, em especial, que apesar da pouca relevância em um contexto geral da "cena grind" faziam uma barulheira dos diabos e nunca tiveram o reconhecimento devido, seguem abaixo :


No Sense:


No Sense, formada em Santos - SP no início da década de 1990, com pouquíssimo material lançado, sendo um EP pela Fucker Records chamado Out of Reality e um Full-Lenght pela Cogumelo Records de nome "Cerebral Cacophony", lembro da emoção maravilhosa que foi conseguir esse ep por apenas 10 paus do jeito mais improvável possível, em um show do Luxúria de Lilith!

Bem, nostalgia besta à parte, o som é algo entre Fear of God e Napalm Death da época do F.E.T.O , ou seja, é rápido e suficientemente sujo, com algumas levadas de hardcore europeu, com o diferencial de ter uma mulher nos vocais, em breve darei um jeito de passar meu vinil para mp3 e escanearei o encarte para postar aqui.
Uma coisa que eu acho muito bacana das bandas de grindcore dessa época é ter alguma mensagem do tipo "Make noise, not music" em seus discos e é esse tipo de mensagem romântica, e, por que não, imbecil, que me faz falta nas bandas de hoje e é isso que você pensa ao ouvir No Sense, que, de fato, a idéia era destruir a música, tanto pelo som em si quanto pelo encarte, que eu acho, particularmente, ANIMAL!


Necrobutcher:



capa da demo Schizophrenic Christianity de 1989, primeiro lançamento oficial da banda

Formada em Florianopólis - Santa Catarina em 1988, com influências que abrangiam de Rättus à Sarcófago, passando por Fear of God e Repulsion, era um trio composto de guitarra, vocal e bateria, se rotulavam como "deathnoisecore" e na época tida como " um Sarcófago em 45 rpm", apesar da duração curtíssima, foram lançadas duas demos oficiais, ambas de 1989, Schizophrenic Christianity e Corrosive Noise Torment.



Capa da demo Corrosive Noise Torment, também de 1989, último lançamento oficial.

Apesar de pouco conhecida no Brasil, na época de seu surgimento a banda era notória nos círculos da anti-música, mantendo contato direto com outros amantes do extremismo de vários países, participando de coletâneas dos mais variados lugares e com as mais variadas bandas. Neste ponto que me identifico com o Necrobutcher em especial, era a união de indivíduos que ouviam Bathory, Nunslaughter, Occult e ao mesmo tempo tinham uma relação muito forte com o ideal punk/hardcore, união esta, que nos dias de hoje é tida como um absurdo, não raro se vê "metaleiros" fugindo de um Discharge como Belzebú foge da cruz.


Para mais informações, uma entrevista com a banda e scans de zines da época, dentre outros, clique aqui





terça-feira, 15 de maio de 2007

Blüdwülf - Full Metal Warrior (DEMO 2004)


Laquê + Hellhammer + Judas Priest + Detestation = Blüdwülf, contando com membros que tocam ao vivo no Toxic Holocaust, não dava pra esperar algo de muito ruim saído dessa mistura. Enquanto o Toxic Holocaust caminha rumo à uma sonoridade cada vez mais Black Metal com toques Dischargeanos, o Blüdwülf trilha pelo questionável caminho da breguice, apostando num visual hard rock, solos e riffs de qualidade questionável e quer saber? Funciona!

Ao menos até certo ponto, a demo apresenta bons momentos, mas o vocal tende à ficar meio chato e o instrumental idem, especialmente na terceira faixa "Children Shouldn't Play With Dead Things", a pior de toda a demo. Felizmente as outras músicas compensam, com destaque para Full Metal Warrior, faixa inicial desta gravação, cuja temática é um tanto quanto Mad Max, um guerreiro luta para voltar para casa em um mundo devastado por invernos nucleares e coisas do tipo, ou seja, é ANIMAL e o refrão é bem cativante. Em linhas gerais, é uma demo razoável, som pra diversão mesmo, pra quem gosta de Heavy Metal com solinhos e riffs barangos, com um leve toque de crust, mas sem soar sujo demais.

Atualmente, a banda já tem um full-lenght lançado, mas que eu, pessoalmente, não gostei tanto por conta da produção ter deixado o som limpo demais, bandas como o Blüdwülf pedem uma gravação mais crua, como a deste material.

Myspace da banda (fotos, outros links, músicas)

Tracklist:

1.Full Metal Warrior03:22
2.Feast of the Damned02:39
3.Children Shouldn't Play WIth Dead Things04:30
4.Night Breed03:02

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Escatolomania

Hey você, menino da latrina
Saia deste buraco que te concebeu
Sangue, esperma e urina
Não foi assim que você cresceu?

Hey você, menino da latrina
Sua mãe não o conheceu
Acredite, ela não é uma cortina
Seus desejos, entre fezes, não morreu.

Menino da latrina, saia do esgoto
Voyerismo panorâmico, você serve de papel
Limpando anus de meninas e garotos
Comendo a merda vinda do céu.

Pobre latrina, suja de sangue
Se Contente, alguém a acolheu
O menino da latrina dança
Outro ânus apareceu.

Suicide - First Album (1977)

Ainda não sei o que escrever dessa fantástica banda, é como ouvir um discharge romântico e sintetizado. O Suicide para os populares é considerada punk, outros synth pop primitivista, eu apenas classifico como uma banda atemporal e bem diferente, beirando o minimalismo. Este primeiro álbum de 1977 tem uma atmosfera única, decadente, melancólica, desesperadora...pra quem coisa de coisas novas da antiguidade vale a pena ouvir Suicide.

Pleased to meet you

sou o novo membro-contribuinte...daqui.


Guiverme, nascido em 1984 morto em 2007. descanse em paz.
Obrigado ao meu amigo Desordeiro por ter a ilusão de que vou colaborar de forma honesta, sem trocadilhos e formal neste blog.
Começarei então dando dicas de desenhos animados: Sealab 2021, no Brasil, popularmente conhecido como laboratório submarino 2021. Capitão Hank(Murphy) e sua trupe não é apenas um desenho babaca, com histórias bacacas, seus babaquaras. É um estilo de vida que dita comportamentos e empreendedorismo de como reger, não somente a vida pessoal, mas situações profissionais, moda e tudo mais. Não vale a pena assistir caso você não tenha um humor refinado(do tipo que só você ri em uma roda de amigos).Passa no [adult swim] não sei a hora nem o dia, pois baixei os episódios e fico vendo e soltando pum.

Wolves In The Throne Room - Diadem of The 12 Stars, 2006


Lançado em 2006, Diadem of The 12 Stars, o debut do Wolves in The Throne Room é um álbum com qualidades tão "na cara" que fica até difícil resenhar, dito isso, o máximo que eu posso adiantar é que a única comparação com alguma outra banda de Black Metal cabível é o Weakling, pela atmosfera que se não é necessariamente agressiva, ainda assim soa aterradora sem recorrer aos chavões do gênero.

De fato, praticamente inexiste aquele som de guitarra-abelha, tão típico em bandas de BM, o WITTR consegue misturar coros angelicais (sem soar demasiadamente bonitos), com riffs repetitivos que não soam chatos em momento algum, algo de Heavy Metal e algumas passagens de guitarra pesadíssimas, reminescentes do Doom Metal e pequenos "surtos" de rispidez com muita coerência ao longo das 4 faixas deste álbum, todas passando da casa dos 10 minutos. No site oficial da banda há uma espécie de manifesto em que eles afirmam ver a sua música, sua forma única de Black Metal como a Morte no Tarô, ou seja, a quebra de velhos moldes, morte e renascimento, transformação e evolução.


É isso que se encontra nesse debut, algo que agradaria à pessoas de mente aberta, disposta a deixar o arquétipo do Black Metal tosco e fugaz, troca de uma sonoridade mais limpa, mas sem deixar de lado sua agressividade e seus climas.


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Tracklist:
1.Queen of the Borrowed Light

2.Face in a Night Time Mirror part 1

3.Face in a Night Time Mirror part 2

4.(A Shimmering Radiance) Diadem of 12 Stars


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terça-feira, 8 de maio de 2007

Temos um novo membro!

Muito em breve, Guiverme, o Seresteiro de Acapulco, estará entre nós e espero que possa contribuir para o andamento deste blog.



Amém.

Bolt Thrower - Concessions of Pain (DEMO 1987)

Pra qualquer um que resolva sair da obviedade dos clássicos do Death Metal (leia-se Cannibal Corpse, Deicide, Morbid Angel e tantas outras "consagradas"), o Bolt Thrower é uma banda, no mínimo, mandatória de se ouvir. Aclamada pelos mais diversos fãs de música extrema, por conta de seu debut "In Battle There's no Law" , dentre outros que se tornaram clássicos instantâneos, sempre mostrando agressividade na dose certa, sem se tornar algo maçante, o que por si só, é digno de mênção

O que poucos sabem é da influência punk latente no som da banda, inclusive, sendo considerada uma banda de grindcore em seus primórdios.

E é destes mesmos primórdios que se trata este post, em especial a demo do título acima, lançada em 1987, que apesar do instrumental já precedendo o que viria a ser o som da banda, apresenta vários momentos que lembram bandas crust como Extinction of Mankind, alguns momentos D-Beat (o famoso "paco-paco" dos punks) e alguns solos bregas, porém eficientes, de Heavy Metal. O que contribui mais ainda para a aura semi-punk deste disco são os vocais de Alan West, que não chegam de modo algum perto dos guturais de Karl Willets, sendo apenas uma espécie de vocal grave e bem rápido e a gravação, tosca, porém inteligível, ótima para quem não é grande fã de gravações muito limpas assim como eu.


Altamente recomendável.

Sejam pacientes e procurem nos torrents/soulseeks da vida.


Tracklist:

1.Intro

2.Concession of Pain

3.Forgotten Existance

4.Challenge of Power

5.In Battle There Is No Law

6.Psychological Warfare

Notas sobre Drone/Doom, etc.

E quando a música extrema não soa mais tão extrema ou inovadora assim?

De tempos em tempos surgem bandas que fazem algo diferente e como já dizia o sábio “nada se cria, tudo se copia”, logo surgem outros trocentos projetos copiando descaradamente original, acontece com o Death metal, acontece com o Metalcore (tanto em seu ramo caótico quanto no que soa mais “normal”, vide os clones ruins de Dillinger Escape Plan que existem aos montes), hoje em dia parece-me que tudo rumou pra um lado técnico demais, firulento demais, na música extrema como um todo, não se diferencia mais discos de uma banda da outra.

Meu ponto é, para onde foi o sentimento, a real expressão? É como se houvesse alguma espécie de competição pra ver quem consegue soar mais experimental, sem uso algum de bom-senso (o que é geralmente é bom, mas não neste caso).

Não há muito mais o que se renovar dentro do mundo extremo, dentro dos padrões de “brutalidade” já estabelecidos, o que explica minha predileção por bandas old-school em vez de cópias mal-feitas de pseudo-clássicos e músicos sem o mínimo sentimento, o boom de bandas técnicas levou a música para a vala, o apelo é mínimo, técnica por técnica, um culto musical à Onan. *

E então, surge algo de novo, bom, não tão novo assim, mas ao menos desconhecido de boa parte do próprio público underground.

Uma espécie de sub-gênero do Doom Metal, baseado em MUITA distorção, muito, mas MUITO peso e monotonia, variação inexistente e músicas gigantescas, às vezes, baseadas em um único riff e suas reverberações, muitas vezes sem baixo ou bateria, apenas guitarras e alguns sintetizadores. Os pais do estilo são o Earth, banda originária dos EUA, fundada no começo dos anos 90 por Dylan Carlson, tendo em mente levar Black Sabbath e Melvins ao mais extremo da lerdeza e peso possível... cimentando a base do que viria à ser conhecido como Drone ou Drone/Doom


A repercussão foi tamanha que entre 1998/99, Stephen O’Malley (há tempos envolvido com experimentalismos vide bandas que fez parte como Flux, Old, Phantomsmasher, dentre outras) e Greg Anderson (atualmentedono da Southern Lord Records, maior selo de música lerda e/ou estranha de que sem têm notícia e que também tocou e toca em bandas na mesma linha do doom “estranho” como Goatsnake, Teeth of lions rule the divine, dentre outros) formaram o Sunn O))), espécie de banda-tributo ao Earth, adotando o mesmo nome da marca de amplificadores “SUNN”, apresentando um som ainda mais lento e caráter mais experimental, sem forma alguma de “ritmo” sequer, tendo como base os riffs de guitarra e reverberações, ao menos em seu início. Assim sendo, as duas bandas podem ser consideradas as mais importantes do gênero, que ultimamente vêm crescendo bastante, com representantes cada vez mais originais como o Wolfmangler, que conta até com banjo em algumas de suas músicas e outros soando um pouco mais “normais” como o Bunkur, que faz uma bela mistura entre Drone e Funeral doom, incluindo vocais e bateria freqüentes durante as músicas, alternando com o peso e monotonia típicos do gênero

O Sunn, em seu último full-lenght, “Black one” de 2005, mostrou uma certa estrutura mais musical em relação aos seus outros trabalhos, contando com alguns samples e presença de vocais típicos de Black Metal, já que o álbum contou com Malefic (Xasthur) e Wrest (Leviathan) nas partes vocalizadas, incluindo um cover maravilhoso para Cursed realms of the Winterdemons, do Immortal, mas de modo algum causando mudanças drásticas ao seu som atmosférico, apenas tornando-o um pouco mais acessível.

Alguns fatos curiosos sobre o Earth:


  • Kurt Cobain fez backing vocals em uma faixa do disco“Extra-capsular extraction” e supostamente também cantou em uma demo antiga relançada junto com o “Sunn Amps and smashed guitars”, gravação ao vivo da banda
  • Dylan Carlson, fundador do Earth, vendeu para o Kurt o mesmo rifle usado em seu suicídio




No final-das-contas, é o tipo de coisa que pode muito bem ser mal-interpretada como “barulho randômico” ou coisa de quem quer dar uma de diferente, mas justamente a aparente falta de sentido, de estrutura e por que diabos não musicalidade, é que dá a graça, motiva você à prestar atenção nos mínimos detalhes e sutilezas, na aura perturbadora das composições, nos raros momentos de variação.


Recomendo à todos que procurem, inicialmente por bandas com influências Drone, mas que não necessariamente chegam lá, como Khanate, o próprio Bunkur citado anteriormente, Wolfmangler (em especial o disco Funerary dirge for a viking asshole) e depois partam para os discos antigos do Earth e do próprio Sunn O))).





Links úteis:


*pra quem não sabe, Onan é o deus do auto-amor, do descascamento de banana. descabelo de palhaço, porpeta, bronha e por que não, punheta.

Entrevista com Drögass Baarulhator (Life is a lie, 2006)


Entrevista realizada com Drögass Baarulhator, guitarrista do Life is a Lie e um dos membros remanescentes do antigo e igualmente genial, Parental Advisory, também dono do selo/distro especializado em música extrema 2+2=5 records (http://www.2plus2equal5.com ou info@2plus2equal5.com) . Entrevista feita originalmente para o falecido zine que eu e S. teríamos se não fosse a falta de dinheiro, tempo, colaboradores e inclusive, ânimo.



A Desordem:

Então, primeiramente, eu quero agradecer pelo tempo cedido e gostaria que você fizesse uma pequena introdução para o pessoal que desconhece o trabalho do Life is a Lie.

Baarulhator:

O início do LIFE IS A LIE foi o término do PARENTAL ADVISORY, em 2001. Eu (Baarulhator), Lord Vicious, Ommug e P. Durden tocávamos também no P.A., mas não queríamos mais estar diretamente vinculados à cena alguma, o P.A. era uma banda abertamente anarquista, mas o anarquismo já não respondia todas nossas perguntas, e muitas outras coisas nos interessavam, também não queríamos mais que nos vissem como uma banda punk, ou hardcore ou sei-lá-o-quê, queríamos fazer música do jeito que gostamos e estarmos livres para dizer o que pensamos, além da polícia ideológica e de políticas de cena. Então gravamos o primeiro disco, arrumamos um monte de inimigos, mudamos várias vezes de formação, fizemos trozilhões de shows, e agora estamos para lançar o disco novo.

...é basicamente isso.

A Desordem:

Assim sendo, surgiu o Life is a lie. De cara nota-se que vocês têm uma influência ENORME de Black Metal, inclusive se referindo às letras da banda, de cunho polêmico e atacando fortemente os dogmas judaico-cristãos, até onde essa influência se estende? No quesito de responder às indagações que surgiram, antes do fim do P.A.

Como você consideraria o LIAL na questão de ideologia? Ou como foi citado, realmente algo à parte?

Baarulhator:

Musicalmente acho que a influência black metal é realmente latente, mas na parte lírica, creio que seguimos um rumo meio particular logicamente o temática blasfema / herege é muito presente e por isso traz essa identificação com o black metal, mas nosso ponto é um pouco, além disso, no primeiro CD, eu acho que podemos considerar os temas como niilistas, existe a negação, existe o desespero, o questionamento... Mas não vai, além disso, o material novo aponta um novo rumo mais próximo ao que Nietzsche tem como "transvalorização”.

A Desordem:

Então não se propõe mais a indagar, apenas aplicar conceitos que já estão cimentados? Como diz o som do Anaal Nathrakh, "revaluation of all values".

Baarulhator:

O black metal, por exemplo, muitas vezes parece sobreviver só de ataques "randômicos" ao cristianismo, mas na maioria das vezes as motivações são frágeis, questionáveis.

A Desordem:

Assim sendo, a proposta de vocês é ir mais fundo na ideologia, digamos, sem atacar apenas o cristianismo, mas como pude notar pelas letras, os próprios conceitos de moral enraizados na sociedade? Fugindo dos lugares-comuns da música extrema, não somente do BM, que chegam à saturação e a falta de argumentos?

Baarulhator:

Sim... Assumir uma posição contrária ao cristianismo é uma atitude que se desdobra em muitas outras coisas, nós costumamos dizer que o ponto de partida do Life Is A Lie é a morte de deus, e de uma forma ou de outra, todos os temas que abordamos são idéias, atitudes ou reflexões que derivam desse ponto, de certa forma, o ataque continua sendo ao cristianismo, mas de uma maneira mais ampla do que apenas ficar gritando "Jesus, seu viadinho filho da Puta / vou comer sua mãe, aquela vaca" isso é para os adolescentes, nós já somos meio titios, hehehehe

A Desordem:

Exatamente é aí que vejo o diferencial da banda, já que basicamente a morte de deus, enquanto conceito deixa um espaço vago pra se abrirem outros questionamentos.

Creio que a blasfêmia professada por boa parte das bandas, só acaba por reforçar o conceito de que "existe" algo a ser blasfemado. Qual seria sua opinião perante isso?


Baarulhator:

Concordo. Inclusive existem bandas que abertamente aceitam a "existência de deus", e baseiam sua posição satânica nisso.

Da minha parte, hoje em dia acho que a discussão sobre a existência ou não de deus é secundária. Quero dizer, para mim é óbvio o bastante que tudo não passa de um mito como outro qualquer. O fato é que, ainda que todos os mitos não pertençam ao "mundo real", nem todos são necessariamente "ruins" no sentido de não oferecerem algo útil que possa ser aprendido, porém a mitologia cristã falha miseravelmente nesse sentido.

O legado que ela deixou seus princípios, seus valores... Não consigo enxergar nada positivo lá. Muito pelo contrário!

Então eu - e o Life Is A Lie hoje - não me preocupo em ficar convencendo as pessoas de que deus não existe. Até porque é muito comum existirem ateus que pautam sua vida pelos mesmos valores do deus cristão. Parte do nosso problema com o anarquismo - sem querer generalizar os anarquistas - passou a ser esse, por exemplo.

A Desordem:

Existe a "polícia da cena", como você mesmo citou. Sobre esse tocante, vocês resolveram se desassociar, algo que eu, particularmente, considero EXTREMAMENTE válido, assim como o intuito deste zine... Mas e a reações das "cenas" a isso? É de meu conhecimento vocês dividirem palco com os mais variados tipos de bandas.

Baarulhator:

Bom, uma vez que queríamos romper com as "cenas", que queríamos nos colocar à parte desse circo, nós tínhamos duas opções: não tocar com ninguém, ou tocar com todos. Como gostamos muito de tocar ao vivo, decidimos, basicamente pela segunda opção... Sobre as reações... Isso é engraçado, porque foram raras as vezes que tivemos alguma reação negativa direta, que alguém veio falar conosco, reclamar de alguma coisa, mas nós sabemos de muitas pessoas que não gostam várias lendas que inventam a nosso respeito (algumas muito engraçadas, inclusive).

Vários "amigos" que dão tapinha nas costas e falam merda. Essas coisas... (risos)

* A Desordem:

(Fato, eu mesmo já ouvi merda a respeito)

Baarulhator:

Realmente tem muita fofoca.

Baarulhator:

Então, sim, tem muita fofoca. Uma das mais engraçadas, realmente, é essa sobre "nacional-socialismo".

Le Desordre: "MAS ELES SÃO CARECAS!" - Alguém diria.

Baarulhator:

Na verdade, eu acho uma pena que o meio underground seja tão infestado com esse tipo de patrulha. Se você tem o cabelo raspado e critica o judaísmo, logo corre alguém para lhe dar um carimbo de "nazi".É muito fácil entender o mundo nesse "preto e branco".

Os anarquistas enxergam "fascistas" e "porcos capitalistas" por todos os lados. Os nazis acham que o mundo está nas mãos do terrível "Zog". É difícil admitir, mas o mundo é muito mais caótico do que isso.

A Desordem:

Paranóia geral. As pessoas não dominam as próprias idéias e conceitos e acontece justamente o contrário. Resultando exatamente nessa visão unilateral e supostamente "libertária" das coisas, se tratando de anarquistas e outros. Quanto à nazi, prefiro nem me pronunciar.

A Desordem:

Agora, sobre a sonoridade da banda... Houve um abismo imenso entre o lançamento do S/T e os sons novos, que a meu ver, rumaram para um caminho mais "metal", mas sem largar a brutalidade e influências antigas, até que ponto a mudança de membros influenciou nisso? E, aliás, qual seria o line-up atual?

Baarulhator:

Não diria que essa mudança de sonoridade seja graças aos novos membros, mas com certeza a entrada deles ajudou que conseguíssemos realizá-la. O primeiro CD tinha várias músicas que foram compostas ainda na época do PARENTAL ADVISORY, talvez por isso esse lado "metal" fosse menos latente. Para esse novo, tínhamos apenas material do LIAL mesmo, além disso, o atual baixista e o atual baterista são competentes e criativos o suficiente para acrescentar novas idéias e dar a cara que o som pede.

A Desordem:

Eu lembro de no primeiro CD, haverem sons com levadas mais lentas, destacando a faixa "Estrela". Saindo do marasmo de tantas bandas de grindcore que só querem saber de tocar o mais rápido possível e mostrando técnica demais, sem o mínimo de tesão pela coisa, ao contrário do que vocês fizeram e fazem, conseguindo transmitir um quê de pessimismo e ódio ao mesmo tempo

Baarulhator:

Poxa, obrigado! A idéia é essa mesmo!

A Desordem:

O que você acha dessa nova onda no meio extremo? Bandas que copiam Dillinger Escape Plan e outras ao máximo? Como no Brasil a geração Pós-Krisiun, e também dos tantos clones de Neurosis que pipocam hoje em dia!?

Baarulhator

Cara, bem no princípio eu achava algo interessante, mas no geral não me interessa e é muito raro eu ouvir algo nessa linha. Eu acho que a técnica na música deve estar sempre a serviço do sentimento. A técnica por si só não me interessa nem um pouco.

Sobre os clones de Neurosis... Cara, seres humanos são malditos parasitas! (risos)

A Desordem:

E isso resume o meu pequeno adendo sobre o Krisiun! (risos)

Baarulhator

É sempre assim: tão logo alguém desenvolve algo novo, traz algum frescor para determinado ambiente; nesse exato momento inicia-se a contagem regressiva para surgirem às cópias.

Baarulhator:

O contato com idéias novas não inspira as pessoas a quererem também criar algo novo, muito pelo contrário: dá-lhes vontade de se apropriar da idéia de outrem!

A Desordem:

Por essas e outras eu ando enjoado do Death Metal atual, foi-se o ar de bandas como o Nihilist, Asphyx e outros.

Baarulhator:

Essas bandas antigas de death metal eram foda! Se você pegar Entombed, Obituary, Autopsy e Pungent Stench, por exemplo, e escutar os discos na seqüência, porra, até minha mãe conseguiria distinguir que seriam bandas diferentes tocando. Agora pegue a geração Krisiun, me dê 10 discos dessas bandas, e veja se é possível distinguir um do outro.

A Desordem:

Não duvido que o mesmo possa acontecer com o "Drone" que pelo jeito, anda estourando lá fora.

Baarulhator

É bizarro, mas sempre foi assim. Quase sempre que eu vejo pessoas conversando sobre montar uma banda nova é assim:

"Hey, fulando, quer tocar na minha banda?"

"Quero sim, qual é a dela?"

"Ah, vai ser um som tipo Darkthrone (ou Larm, ou Neurosis, ou Krisiun)"

Porra, para que isso? Já existe um Darktrhone, um Larm, um Neurosis, um Krisiun.

A Desordem:

Apesar de eu ser relativamente novo, eu fico triste com o desinteresse com relação ao underground atualmente, vejo poucos corres com relação a isso... E Você? O que acha da “nova geração”? Já que rareiam os zines, poucos se interessam por fitas e vinis, se prendendo apenas às coisas que estão mais na cara ou fáceis de encontrar pela internet.

Baarulhator:

Eu tenho que tomar cuidado para não soa excessivamente nostálgico nesse assunto.

(risos)

A Desordem:

Não que isso vá ser um problema, (risos).

Baarulhator:

Quero dizer, toda aquela "ética underground" que existiu nos anos 80 e 90 trazia também muita merda para a cena, um tipo de radicalismo muito burro, muito ingênuo...

A Desordem:

"VOU TOMAR SEU VISU, DIZ QUALÉ A PRIMEIRA FAIXA DO PRIMEIRO BATHORY DA VERSÃO EUROPÉIA DE TRÁS PRA FRENTE" - Algo assim.

Baarulhator:

Exatamente!!! Porra, isso é ridículo!

Mas, essencialmente, a idéia de você ter que correr atrás das coisas, de que era necessário dar suporte a mecanismos alternativos de funcionamento para que tudo continuasse a sobreviver... Isso fazia toda a diferença. A pessoa envolvida com o underground não era tão somente um consumidor passivo.

Le Desordre:

Que hoje em dia, deu lugar aos "trues" de internet, tão ruins ou piores quanto os radicais de outrora, que ao menos gostavam de verdade daquilo.

Baarulhator:

O cara era meio que "forçado" a produzir. E por isso as pessoas se comunicavam, e precisavam ser criativas. E, nessas, podiam entrar em contato com novas idéias, e garantiam que o underground continuasse algo realmente diferente do "mainstream”.

A Desordem:

Hoje é mais um jogo de aparências, quem é quem, disputa por "pontos de cena" e por aí vai. Na essência, então, você crê então que existam dois tipos de "mainstream" atualmente? Pode soar errado, mas creio que você entendeu meu intuito.

Baarulhator:

A partir do momento que o cara que "curte" pode simplesmente se por atrás de um computador e baixar uns CDs pelo Soulseek, tudo se reduz a uma reprodução em miniatura do "mainstream" entendi sim, e, infelizmente, acho que é meio por aí,

nessa atitude passiva, tudo vira apenas mercadoria, e a idéia de rebeldia, criatividade e transgressão do underground passa a ser um valor meramente estético

A Desordem:

Agora, retornando ao LIAL, planos para a arte do CD? Mutarelli ilustrará novamente ou há algo novo em mente?

Baarulhator:

Não, quem fez a ilustração do CD novo foi o Theo, da dupla noise curitibana GENGIVAS NEGRAS. Vai ser um pouco menos direta do que a ilustração do primeiro CD, muitos nem vão pegar a idéia, acho.

A Desordem:

A sutileza pode ser mais agressiva que algo escancarado às vezes, e não sabia que o Théo mexia com ilustrações, mas já que você mencionou, o GN é algo de interessante, em termos nacionais, há alguma banda atual que você destacaria?

Baarulhator:

Cara, felizmente eu acho que ainda temos bandas fazendo muita coisa boa por aqui.

Algumas que eu gosto muito: Facada, Siege Of Hate, Osculum Obscenum, Eternal Malediction, Apocalyptic Raids, Elma, Hutt, Are You God? , Abske Fides, Infamous Glory, Paranóia Oeste, Spell Forest, Lymphatic Phlegm... porra, tem várias

A Desordem:

Não querendo puxar o saco, mas eu sou bastante fã de todas que você citou, menos o INFAMOUS que eu ainda não ouvi nada (risos)

Baarulhator:

Você precisa ouvir, com certeza é uma das melhores bandas nacionais fazendo death metal old school, em minha opinião.

A Desordem:

Finalizando, levando em conta que esse zine é feito por mim, que moro em Manaus e com colaboradores de outros estados... Você sabe algo sobre a cena daqui? Já ouviu algo a respeito? Não sei se é de seu conhecimento, mas Manaus já foi um pólo de música extrema, pelos idos dos anos 90...

Baarulhator:

Na época que eu fazia o zine LIFE? (entre 93 e 96, acho), eu tinha bastante contato com um pessoal de Manaus, mas quase nenhuma banda, das recentes, já ouvi falar muito bem do MORTIFICY, mas infelizmente ainda não os escutei e vergonhosamente perdi os shows que eles fizeram por aqui... Acho uma merda que o underground ainda seja tão centrado no sudeste e sul do país, mas isso já está mudando há tempos e acho que só tende a melhorar.

A Desordem:

E então, o espaço agora fica em branco, se quiser deixar alguma mensagem, propagandear algo, recadinhos amorosos.

Baarulhator:

Queria agradecer o espaço, interesse e atenção. Achei do caralho a proposta do zine e realmente espero que o projeto vingue por várias edições. Valeu mesmo! De resto, que estiver interessado em conhecer mais sobre o LIAL, pegar material, trocar uma idéia ou nos contar alguma fofoca sobre a banda, por favor, não hesitem em entrar em contato.

Baarulhator:

Nosso e-mail: lifeisalie@hotmail.com, ou pela Caixa Postal 1668, São Paulo / SP, CEP: 01059-970.


Doomed from the start

Num momento de ócio (ao contrário do seu sentido original, sem contemplação alguma) coube à mim, iniciar, de fato, este blog. Devo afirmar que a minha idéia e de S. (e de quem mais surgir, eventualmente) é apenas escrever sobre livros, filmes e música a qual apreciamos e porventura, algum lampejo ideológico que nos acometa, desprendemo-nos de "cenas", desprendemo-nos do politicamente correto e do forçadamente incorreto, almejamos, acima de tudo, a sinceridade em cada trabalho , cada obra que aqui será comentada, com seus pontos fortes e fracos.